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Conheça mulheres que engravidaram apesar da doença renal

Entenda como pacientes em diálise têm fertilidade comprometida. Nefrologistas esclarecem o que pode ser feito para viabilizar a gravidez em tratamento

O sonho de ser mãe, mesmo quando a mulher faz diálise, não é impossível de ser realizado. Mas, é importante ter um bom planejamento com atenção aos cuidados especiais e dedicação tanto da paciente quanto da equipe de saúde.

"Apesar da fertilidade diminuir à medida que agrava a disfunção renal, a mulher pode engravidar, sendo fundamental o conhecimento sobre a sua doença e os riscos inerentes em casos de gestação. A decisão tem que ser de forma planejada e em conjunto com a equipe de saúde a fim de minimizar os riscos. Enquanto na população geral a incidência de pré-eclâmpsia é de 8%; na doença renal crônica associada à hipertensão, essa incidência pode afetar até 50% das gestantes"; destaca a médica nefrologista Elana Lannes, diretora médica da CDR Vila da Penha, da rede de clínicas da Fresenius Medical Care.

A especialista afirma, no entanto, que mesmo no estágio mais avançado da doença renal, quando a paciente já necessita de diálise para substituir a função dos rins, os desfechos, tanto para a mãe quanto para o bebê podem evoluir muito bem com um tratamento cuidadoso e intensivo. A gestante dialítica requer um acompanhamento contínuo e em conjunto de toda equipe médica e multidisciplinar, além é claro da adesão da própria paciente às orientações, especialmente porque se torna obrigatório intensificar as sessões de diálise, que devem ser diárias.​​​​​​​

Um sonho possível e realizado

E foi seguindo os passos corretamente da equipe de saúde que pacientes renais conseguiram realizar o grande sonho. 

Camila Caetano Ribeiro, 31 anos, paciente renal crônica há 12 anos e atualmente faz hemodiálise na CDR Vila da Penha. Com problema nos rins desde criança, engravidou mesmo tomando anticoncepcional. “Essa gestação tinha que ser. Foi uma surpresa enorme e eu estou feliz, seguindo todos os cuidados recomendados pela equipe que me acompanha na clínica, inclusive dialisando todos os dias".

Etiene de Oliveira Del Castilho, de 32 anos, de Senador Camará, paciente da Clínica Renal Vida de Campo Grande engravidou depois de 12 anos de hemodiálise, em 2013. A gravidez foi muito difícil, o bebê nasceu com 25 semanas de gestação, pesando 650 gramas, e com dois meses de vida teve uma infecção no hospital que lhe tirou a vida. “Meu mundo caiu, mas mesmo assim não desisti. Com 18 anos de hemodiálise, após uma gestação de 7 meses, nasceu meu tão esperado filho, o Heitor Gabriel".

Rosilene Aparecida Venâncio José, hoje com 44 anos, é paciente da Renal Vida Vaz Lobo. Sua gravidez veio quase oito 8 anos após iniciar a diálise. “Por conta da minha idade, era uma gravidez de alto risco, mas recebi todo o apoio. Mas deu tudo certo, meu Rafael nasceu com nove meses, de parto normal, e sem intercorrências. A pressão ficou boa durante toda a gravidez”, relata.

A decisão de engravidar - Quando uma mulher com doença renal planeja ter um bebê, precisa levar tudo isso em conta. Medicamentos precisarão ser substituídos ou acrescentados e uma dieta saudável e rigorosa deve ser seguida. Se estiver em diálise, as sessões deverão ser incrementadas para seis, ou se possível sete vezes por semana, sempre mantendo as quatro horas de duração. Esta medida é essencial para a saúde do bebê, que precisa se desenvolver em um ambiente sem as toxinas urêmicas que usualmente se acumulam entre as sessões de diálise. Além do nefrologista e do nutricionista, é essencial o acompanhamento conjunto com um ginecologista/obstetra com experiência em gravidez de alto risco.